Os açougues de Pelotas não devem abrir nesta quarta-feira (28), em protesto contra a legislação que proíbe a venda de fatiados de carne nesses estabelecimentos. Entram nesse contexto bifes enrolados, iscas, bife à milanesa, frangos temperados, entre outros itens que agregam valor ao setor. “Queremos que nos deixem trabalhar”, diz Paulo Moreira, que há 40 anos atua no ramo. Salienta que os açougues pagam impostos e geram empregos, por isso questionam a lei que os prejudica.

O decreto havia sido suspenso por um ano, mas voltou a valer, o que motivou o movimento dos proprietários de açougues, explica Moreira, ao acrescentar que os comerciantes do setor são penalizados, enquanto nas esquinas existe comercialização de peixes e salgados sem qualquer fiscalização. Fala também que é comum ver pessoas vendendo torresmo feito em fundo de casas nas feiras livres, produto proibido há muito tempo, além de carne de porco. “Aí ninguém quer saber de onde vem”, questiona.

Moreira conta ter participado de uma reunião da saúde sobre o combate ao abigeato, mas salienta que há casos de pessoas flagradas com carne roubada, sem inspeção e CNPJ, que são liberadas no outro dia. “É uma impunidade total e quem tem uma casa conhecida na cidade é nivelado junto. Esse é o país da impunidade”, afirma. O movimento dos proprietários de açougues ocorre em todo o Estado. No restante do Brasil não existe impedimento para comercialização de fatiados.

Ao falar não apenas como consumidor, mas produtor de carne, Éder Moraes, 67, considera que a “faxina” deveria ocorrer na origem, ou seja, no transporte de carne. “Esse é o fato mais grave. É palhaçada isso. Se eu perceber que a carne está ruim vou reclamar”, destaca. Segundo ele, o pior de tudo é a carne embalada, que do outro lado é péssima e isso a fiscalização não vê. Se for para questionar, avalia que tem que ser tudo.